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Arquitetos: Herzog & de Meuron
- Área: 22845 m²
- Ano: 2017
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Fotografias:Iwan Baan
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Fabricantes: AF New York, Argosy Designs, Beyond Concrete, Carvart, City Elevator, Direct Flooring, Hudson Machine Works, Intercom, Kingdom Associates, Long Island Fireproof Door, Roz-a-lite, ULE Group, Unlimited Stone Works, Veyko, horgenglarus
Descrição enviada pela equipe de projeto. Localizado em pleno coração do Bowery, um dos distritos culturais e artísticos mais vibrantes do centro de Manhattan, o Hotel da Rua Chrystie encontra-se implantado entre as ruas Houston, Stanton e a Bowery—rua que dá nome ao bairro. Em um contexto bastante heterogêneo em tempo e escala, com edifícios construídos em diferentes épocas e estilos, o Hotel da Rua Chrystie fica bem em frente ao Parque Roosevelt, uma das principais áreas verdes de Lower Manhattan que pouco à pouco está voltando a ser utilizada pelos habitantes do centro da cidade. Quando fomos contratados para desenvolver o projeto do hotel, este contexto já estava estabelecido há muito tempo. A área máxima de construção também já havia sido negociada junto às autoridades locais. Nossa tarefa se resumia à concepção de um projeto arquitetônico que respeitasse todos estes critérios pré-estabelecidos. Inicialmente, a nossa ideia era empilhar duas tipologias muito distintas, uma sobre a outra. Por um lado, era importante para nós que elas expressassem claramente as suas diferenças, ao mesmo tempo que, estariam unificadas por uma mesma estrutra formal. Pretendíamos também incluir usos complementares para que o edifício funcionasse como uma pequena cidade dentro da cidade.
As proporções gerais impostas pelo código de obras da cidade de Nova Iorque demandavam um projeto de linhas verticais, com a estrutura de uma torre de apartamentos mais esbelta apoiada sobre o volume inferior mais compacto. Ambas estrutura encontram-se alinhadas sobre os limites frontais e laterais da área de ocupação máxima do lote, criando uma continuidade das linhas estruturais da grade de fachada ao longo de toda a extensão vertical da torre. Definida pelas grandes aberturas de piso ao teto da fachada do edifício, esta grade estrutural acaba por introduzir uma determinada profundidade na fachada, liberando os espaços interiores de estruturas secundárias desnecessárias. Este exoesqueleto, se assim pudermos chamá-lo, é responsável por definir a própria arquitetura do edifício. Desta forma, procuramos manter a materialidade bruta do concreto aparente na maioria destes elementos estruturais como lajes e pilares. Buscando impregnar esta estrutra com uma sensação de escala humana, promovendo ainda mais expressividade à fachada, os pilares periféricos foram concebidos com uma leve inclinação de fora para dentro. Junto à esquina da Rua Chrystie, onde as duas fachadas principais se encontram, estas inclinações se sobrepõe, criando uma coluna escultural de dupla inclinação que reforça a potência formal da estrutura como um todo.
Embora os muitos pequenos quartos de hotel tenham sido milimetricamente encaixados em planta, cada um deles conta com uma ampla janela panorâmica com vistas para o centro de Manhattan. Emolduradas pela grade estrutural de fachada, as esquadrias foram acabadas em alumínio polido, mantendo a mesma inclinação dos pilares—refletindo o azul do céu de Nova Iorque ao mesmo tempo que favorecem a privacidade no interior dos quartos. Todas as unidades do hotel, que variam de 19 à 90 metros quadrados, foram concebidas como pequenas suítes de forma que cada uma delas conta com um espaço de quarto, uma sala anexa e um banheiro. Devido por um revestimento em madeira de carvalho branco que se extende do piso ao teto, o espaço do quarto é definido por esta moldura que acaba por criar uma espécie de segundo ambiente dentro do próprio quarto. A paleta de materiais bastante minimalista, composta de madeira, concreto e vidro, fornece aos espaços do hotel uma sensação de requinte e exclusividade.
Para o acabamento das fachadas, desenvolvemos uma série de protótipos e experimentos em busca da melhor fôrma e tratamento de superfície para poder revelar todas as qualidades materiais inerentes ao concreto. Suas bordas são afiadas e precisas, enquanto a superfície dos planos denuncia a textura dos veios da madeira utilizada na fôrma de concretagem. Nos espaços abertos no térreo, as mesmas placas de madeira utilizadas nas fôrmas de concretagem do edifício foram introduzidas como forro, fazendo a conexão entre estes dois elementos formais do projeto. O túnel de recepção do hotel, com suas paredes de aço inox altamente reflexivas, fornece ao ambiente de acesso do edifício um caráter dramático e convidativo. Na porção mais alta da torre, onde encontra-se o edifício de apartamentos, metade dos pilares desaparecem, o que é um resultado direto da diminuição da sobrecarga sobre a estrutura do edifício à medida que a torre se desenvolve em altura. Como resultado disso, as vistas e a transparência são privilegiadas nos interiores dos apartamentos e também nos dois últimos pavimentos do hotel. Além disso, devido as maiores dimensões das aberturas, as janelas encontram-se recuadas nestes pavimentos; portanto, elas são menos reflexivas e aparentes.
O volume do edifício encontra-se recuado do alinhamento da rua, criando um jardim privativo que opera como um oásis íntimo dentro da vida agitada do centro de Manhattan. Uma densa parede verde atua como barreira física e filtro natural entre o espaço público e privado. Dois pórticos de concreto marcam os portais de entrada, primeiro do jardim e posteriormente direcionando os fluxos tanto para o hotel quanto para o edifício de apartamentos.